Augusto Melo nega envolvimento no caso VaideBet e reforça permanência à frente do Corinthians
O presidente do Corinthians, Augusto Melo, que foi recentemente indiciado no caso VaideBet, se pronunciou publicamente nesta sexta-feira (23) pela primeira vez desde que teve seu nome citado em relatório da Polícia Civil. Em coletiva realizada na Neo Química Arena, o dirigente negou qualquer irregularidade no contrato de patrocínio com a casa de apostas e afirmou estar tranquilo quanto à sua conduta.
"Estou tranquilo e indignado", diz Augusto Melo sobre acusações
Durante o pronunciamento, Augusto Melo demonstrou indignação com o indiciamento, mas reforçou sua confiança na própria inocência.
“Convoquei esta coletiva para expressar minha total indignação com o conteúdo e, principalmente, com a forma como foi divulgado esse parecer. Estou muito tranquilo porque sei da minha integridade. Tenho uma história de mais de 40 anos dentro do clube e nunca tive envolvimento com qualquer escândalo. Quem me conhece, sabe do meu caráter. Nunca tive problema com ninguém. Essa acusação me pegou de surpresa. Mas estou aqui para esclarecer qualquer dúvida e seguir em frente com firmeza”, declarou.
Presidente é acusado de envolvimento em esquema de intermediação com empresa investigada
O indiciamento de Augusto Melo envolve suspeitas de lavagem de dinheiro, furto qualificado e associação criminosa, todas relacionadas ao contrato assinado com a VaideBet, em janeiro do ano passado. A investigação aponta que a intermediação do acordo, feita pela empresa Rede Social Media Design LTDA, teria desviado valores para uma empresa de fachada.
O dirigente negou qualquer envolvimento com a empresa em questão. “Não conheço essa empresa, nunca falei com seus representantes e não tenho nenhum vínculo com ela. Minha atuação sempre foi voltada exclusivamente ao futebol. Quem trata dessas questões é minha equipe. Não há qualquer ligação da minha gestão com esse intermediário”, disse.
Melo descarta renúncia e afirma que vai seguir no cargo
Diante da repercussão do caso e da pressão interna, Augusto Melo deixou claro que não pretende renunciar ao cargo.
“Jamais pensei em renunciar. Isso não mancha a minha história nem a do clube. O Corinthians já vinha sendo exposto antes mesmo da minha eleição. Sempre defendi e respeitei essa instituição, e continuarei fazendo isso. Tenho convicção da minha capacidade e sei que estou no caminho certo”, afirmou.
Advogado critica divulgação do relatório às vésperas da votação
Ao lado do presidente, o advogado Ricardo Cury também se manifestou. Ele afirmou que o indiciamento não representa condenação e criticou o timing da divulgação do relatório da Polícia Civil.
“Dividimos essa questão em três frentes, e a política chama a atenção. Informamos no dia 13 de maio que a reunião do Conselho seria em 26 de maio, e o relatório vaza justamente na antevéspera? Isso nos surpreendeu. O delegado mencionou que aguardava um advogado para se manifestar sobre um nome específico, então por que liberar o parecer antes?”, questionou.
Ex-funcionários e intermediário também são investigados
Além de Melo, outros nomes ligados ao clube foram indiciados: Sérgio Moura (ex-superintendente de marketing), Marcelo Mariano, conhecido como Marcelinho (ex-diretor administrativo), e Alex Cassundé, sócio da empresa que intermediou o contrato.
O relatório policial aponta que os repasses financeiros chegaram à empresa UJ Football Talent Intermediação Ltda., supostamente ligada ao Primeiro Comando da Capital (PCC), uma das principais organizações criminosas do país.
Conselho vota impeachment de Augusto Melo na próxima segunda-feira
O Conselho Deliberativo do Corinthians votará, na próxima segunda-feira (26), a partir das 18h, no Salão Nobre do Parque São Jorge, o pedido de impeachment do presidente. A denúncia é baseada nas conclusões do inquérito envolvendo a VaideBet. Poucas horas antes da coletiva, a torcida organizada Gaviões da Fiel se posicionou publicamente pedindo a renúncia imediata do mandatário.
Contrato de R$ 360 milhões previa comissão de R$ 25 milhões a intermediário
O acordo entre Corinthians e VaideBet previa R$ 360 milhões em três anos. Do total, cerca de R$ 25 milhões (7%) seriam destinados à intermediação do negócio. Duas parcelas de R$ 700 mil (totalizando R$ 1,4 milhão) foram pagas a Cassundé.
Segundo revelou o Blog do Juca Kfouri, R$ 1 milhão desse montante foi repassado à Neoway Soluções Integradas, empresa registrada no nome de Edna Oliveira dos Santos, moradora de Peruíbe (SP) que, conforme apuração, desconhecia completamente as movimentações financeiras. No mesmo dia de uma das transferências, Cassundé esteve no Parque São Jorge, como indicam registros da polícia.
Diante da repercussão, a VaideBet solicitou a rescisão do contrato em junho do ano passado.
Corinthians é tratado como vítima no inquérito, segundo relatório policial
Com as quebras de sigilo bancário, outras empresas suspeitas surgiram nas investigações, revelando possível atuação de laranjas e indícios de lavagem de dinheiro. No entanto, o Corinthians foi classificado como vítima pelas autoridades responsáveis pelo caso.
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